Além do automóvel Protos, de 1908, o MHN possui uma significativa coleção de meios de transporte terrestre, totalizando 22 veículos, entre os quais a carruagem e a caleça que foram usadas por D. Pedro II e D. Tereza Cristina. Complementam a coleção cadeirinhas de arruar e serpentina, que eram carregadas por escravos, e liteiras, berlindas, traquitanas, vitória e um carro a Daumont, todos de tração animal.
Das mais diversas procedências, essa coleção foi formada entre 1923 e 1948, permanecendo exposta ao público até a década de 1970. A partir dessa data o estado de conservação das viaturas, cujo material utilizado na fabricação é de natureza orgânica – madeira e tecido – determinou o recolhimento das mesmas, uma vez que muito sofreram com a ação de insetos, como cupins, e do meio ambiente – temperatura e umidade.
Graças à estreita parceria com a AAMHN e ao apoio da Vitae- Apoio à Cultura, Educação e Promoção Social, foi viabilizada na década de 1990 a restauração de toda a coleção, em trabalho realizado pela própria equipe do Laboratório de Conservação e Restauração do museu, envolvendo os restauradores das Oficinas de Cerâmica, Madeira, Pintura e Têxteis.
A coleção, ao lado do automóvel Protos, ganhou espaço adequado para a sua apresentação ao público em caráter permanente em 2006, a partir da recuperação de amplas galerias ao redor do Pátio Gustavo Barroso, que teve o patrocínio da Holcim Brasil S. A. As pedras seculares do piso original dessas galerias não poderiam ser suportes mais significativos para essas viaturas, que transitaram nas estreitas e sinuosas ruas dos séculos XVIII e XIX. “Do Móvel ao Automóvel – Transitando pela História” – uma verdadeira viagem no tempo!
Compra de acervo para a exposição
Houve uma época em que as pessoas simplesmente caminhavam, ou se tivessem recursos, recorriam às “bestas” – cavalos, mulas ou jumentos. Aos poucos, foram sendo adotados novos hábitos de locomoção. Assim, as redes, inicialmente utilizadas para transportar enfermos ou mortos, passaram a ser usadas na cidade para o transporte de pessoas de posse, que dispunham de escravos para carregá-las.
Para representar esse meio de transporte na exposição, foi especialmente confeccionada pelo artista Josimar Lotufo uma miniatura baseada em iconografia de Debret. Encomendada pelo museu, a peça foi adquirida com recursos da AAMHN.